segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

49ª Semana da Temporada 2012


Crítica/ Bonifácio Bilhões
Figurino de comédia dos anos 70
João Bethencourt, autor de Bonifácio Bilhões, em cartaz no Teatro Vanucci em nova montagem dirigida por Ernesto Piccolo, pode ser considerado, como se definia nas primeiras décadas do século 20, de um comediógrafo, um prolífero comediógrafo, com 33 peças em 50 anos de produção. As comédias de Bethencourt, como é próprio do gênero, trazem comentários sobre os costumes, mais sobre os maus do que os bons, e em que há sempre lugar para apontar as fraquezas humanas. Bethencourt tem dramaturgia sólida, seguindo os padrões e a tradição dos clássicos autores do gênero. Bonifácio Bilhões é uma das suas boas comédias, que sobrevive ao tempo em que foi escrita (1975), a referências da época (a loteria esportiva) e a situações cômicas baseadas em humor verbal. Remontar esse texto em 2012 não necessita de adaptações para atualizá-lo, já que sobrevive por suas qualidades intrínsecas. O diretor Ernesto Piccolo teve a sensibilidade de mantê-lo tal qual, apenas com algum destaque para a gíria daquele tempo, para a caracterização física do elenco, através do figurino meio hippie, e no esforço de transmitir aos atores que o humor surge  no equilíbrio entre as situações e a palavra. A direção procura equalizar o temperamento interpretativo do trio de atores com destaque para o humor com toques críticos de Márcia Cabrita, um tanto caricaturais de Tadeu Mello e algo frouxo de José de Abreu.

                                                   macksenr@gmail. com